Podcast Anime Destruction

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Game análise - The Legend Of Zelda Skyward Sword.



Plataforma: Wii
Produção: Nintendo
Desenvolvimento: Nintendo


Gráficos: 9,5
Som: 10
Jogabilidade: 10
Diversão: 10
Replay: 10
NOTA FINAL: 9,9

TRAILER


Análise

A principal questão para todo “Zelda” sempre é a mesma: afinal, estamos diante de um RPG de verdade? Ou de mais um jogo de plataforma com boa narrativa? Difícil classificar os games da série, uma vez que a grande maioria se faz de elementos completamente únicos se comparado a possíveis concorrentes. Se olharmos do ponto de vista da liberdade de escolhermos o nome de nosso protagonista e que o mesmo nunca pronuncia uma única palavra no jogo todo, Zelda então pode ser considerado um RPG por nos colocar no papel principal. Porém, se olharmos pela linearidade da narrativa e pelos meios que sempre levam para os mesmos fins, não podemos dizer o mesmo. Mas este sempre foi o DNA de Zelda. “Foi” porque Skyward Sword, dadas as suas proporções, quebrou todos os limites da série em prol de se adaptar com o admirável mundo novo dos games. 


Link, o protagonista, continua sendo um personagem que pode ter o nome que for, mas no final terá a mesma jornada para enfrentar. Mais do que um simples herói abençoado pelos deuses com habilidades de combate e sabedoria para encontrar novos recursos, Link é maduro e corajoso o suficiente para saber como deve se preparar para seu fardo.


Em outras palavras, e sendo mais específico, basta olhar para o menu de opções do novo jogo para ver o tanto de espaços que podem ser preenchidos ao longo da aventura. Pela primeira vez na série, não há restrição a encontrar apenas armas e artefatos específicos que o ajudarão a concluir sua missão. Mais do que nunca, cabe a você escolher como e quais itens pretende carregar e evoluir. Tudo graças a um novo sistema de evolução de equipamentos, baseado em joias, itens e insetos coletados pelo mundo, seja enfrentando inimigos específicos ou conquistando graças a sua sorte.


Escudos não mais são itens com durabilidade infinita, eles devem ser carregados na hora certa, com a proteção correta, caso contrário podem ser destruídos por um ataque inimigo ou até pelo ambiente onde estiver (escudos de madeira não resistem ao calor do fogo, por exemplo). Da mesma forma que poções devem ser guardadas para vários fins, como recuperar seus corações, fôlego ou poder mágico.


Equipamentos como estilingue, a bolsa de bombas ou o novíssimo besouro dourado se reúnem em uma parte específica da sua “mochila invisível”, acessíveis com rapidez pelo botão “negativo” do Wii Remote e também disponíveis para ser evoluídos conforme o seu interesse.




Admirável mundo novo
Jogadores não conhecedores da franquia talvez não saibam, mas a grande magia da série está inteiramente ligada a história de cada game, que consegue ser completamente diferente uma da outra, mas traz elementos suficientes para que haja uma leve conexão entre uma possível cronologia oficial. Isso quer dizer que os jogos não têm declaradamente uma ligação entre si, mas se olharmos as nuances de cada título, veremos sutilezas o suficiente para traçarmos nossa própria linha cronológica.


Porém, mais do que a busca por uma experiência personalizada do protagonista, Skyward Sword abre um novo parênteses na história do universo “Zelda”. Sem entrar em detalhes para não estragar nenhuma surpresa, lembro que assim como todo jogo anterior, nosso papel principal como Link é, em um primeiro plano ajudar Zelda e, em maior escala, salvar o mundo do caos que se aproxima. A Zelda de Skyward Sword é amiga de Link desde o primeiro minuto de jogo (ambos dividem o mesmo ambiente de estudos na ilha flutuante de Skyloft). Por um motivo específico, nossa amiga parte para um mundo desconhecido abaixo das nuvens que cobrem as terras do mundo local, fazendo com que nosso herói parta em uma jornada de busca pela sua amiga e respostas para todos os mistérios que surgem.


Ao lado de Link, não mais uma fada (como Navi de Ocarina of Time), mas sim um espírito conhecido como Fi que protege sua espada sagrada. Fi será sua companheira durante toda a aventura, auxiliando-o em todos os sentidos, com descrições de regiões inóspitas, estratégias para inimigos desconhecidos e, principalmente, indicações do paradeiro de Zelda.


Como bom jovem aspirante a cavaleiro de Skyloft, Link tem outro aliado em sua jornada: um Loftwing, ave que serve de montaria pelos ares não só ao redor de onde vive, mas principalmente no desbravamento do mundo e suas regiões. Cavalos, barcos falantes e trens já marcaram a série como principais meios de transporte pelo mundo. Mas nenhum deles conseguiu o equilíbrio que nosso amigo voador de Skyward Sword trouxe: ser suficientemente útil para acessar locais novos sem causar demasia ou frustração pela repetição. A ave de Link é controlada com o Wii Remote, que deve ser rotacionado para a direção que queremos que ele voe. Para chamá-la, basta literalmente se jogar pelos ares, apertar um botão específico e Link assoviará para seu amigo, que nos leva tanto para pontos específicos do mapa onde se encontram os reinos importantes, quanto para ilhas desconhecidas que guardam segredos dos mais variados.




Narrativa superando a labuta 
A receita de sucesso de todo “Zelda” também tem como ingrediente básico as famosas dungeons, calabouços espalhados no mundo que precisam ser acessados, explorados e solucionados até que encontremos algum item importante para o progresso em nossa aventura. Skyward Sword não é diferente, mas é de longe o mais desafiador que você encontrará em qualquer jogo da franquia.


Tudo começa pelo acesso a estes templos secretos. Diferente dos games anteriores, nos quais bastava achar a entrada principal de cada dungeon (localizada ao redor do mapa principal, dentro de alguma cidade ou ponto específico no mundo) para iniciarmos nossa jornada épica, no mais novo jogo da franquia o acesso aos templos acontece logo após entrarmos em uma cidade e solucionarmos todos os seus mistérios. Isso quer dizer que sua missão começa logo que você chega em uma nova cidade, habitada por uma raça específica e recheada de quebras cabeças e mistérios. Só então ao resolver todas as tarefas necessárias que temos acesso templo da cidade. Entre estas obrigações a serem cumpridas, boa parte funciona com a ajuda da sua espada, que serve também para rastrear a direção correta que você deve ir quando estiver buscando itens específicos ou personagens-chave na região que estiver.


Mas são os templos que realmente se destacam em Skyward Sword. Mesmo menores se comparados com Twilight Princess, por exemplo, conseguem prover um desafio colossal, fazendo com que você invista muito mais tempo na solução dos quebra-cabeças até chegar na área principal e enfrentar o chefe do lugar. O desafio não se resume a ascender tochas ou encontrar baús com uma bússola (mesmo porque ela já faz parte do seu mapa principal). Prepare-se para, de fato, quebrar a cabeça, na busca pelo acesso principal do templo enquanto percorre cada sala e corredor enfrentando inimigos dos mais variados e desafios que exigirão não apenas o equipamento encontrado no lugar, mas um pouco de cada artefato que você já possui.


A propósito, não pense que para abrir a área do chefe do templo basta apenas “usar” a chave que encontrar. As chaves principais são de formatos distintos, que precisam ser encaixadas na porta do chefe com o movimento que você fizer com o Wii Remote, provando ser mais um pequeno desafio para aumentar sua tensão antes da grande batalha.


Justamente pela dificuldade elevada que outra novidade em Skyward Sword é a adição de totens espalhados pelas cidades e templos que servem para salvar seu progresso no jogo em diferentes pontos específicos. Mas não pense que isso facilitará a sua aventura – você até pode salvar o jogo no último totem antes da sala principal do chefe, mas qualquer necessidade de sair do lugar para garantir mais provisões para sua grande batalha exigirá que você passe por todo templo novamente, enfrentando todos os inimigos que enfrentou na primeira vez. Acredite, este foi o primeiro jogo da série que eu precisei sair de um templo para me preparar para um chefe. Este também foi o primeiro “Zelda” que eu levei mais de 20 minutos na solução de um único puzzle até descobrir que sua resolução estava ali na minha frente, bastando que eu apenas abstraísse qualquer pré-requisito que um jogo desse pede e focando no que eu tinha nas minhas mãos e quais recursos eu poderia usar naquele momento. Uma verdadeira entrega total a imersiva história e narrativa do jogo.





Experiência irretocável
Eu já lhe contei uma série de elementos que fazem de Skyward Sword diferente de qualquer game anterior, mas ainda assim traz todas as sutilezas que o fazem um “Zelda” de verdade. Porém  de todas estas novidades nenhuma delas é tão significativa para a série quanto o sistema de combate.


A obrigatoriedade do uso do Wii Remote acoplado com o Motion Plus faz todo o sentido quando entendemos a mecânica proposta pelos criadores do jogo. Muitos jogadores podem achar um tanto frustrante ter que usar os sensores de movimento para atacar os inimigos quando bastava dar a opção de usar o Classic Controller para os saudosistas. Eu também achava isso, ainda mais depois de jogar um Twilight Princess que nada mais era do que uma versão melhorada do Game Cube com a adição de um combate mais próximo do real.


Mas eu estava completamente errado. Os comandos de Skyward Sword provam que a Nintendo estava certa na sua persistência por uma nova experiência de jogo. Foi preciso praticamente toda vida útil do console e uma verdadeira avalanche de jogos dos mais variados gêneros (incluindo as próprias franquias da empresa, como Mario e Metroid) para chegar ao resultado que temos neste novo “The Legend of Zelda”.


Graças aos recursos do Wii Remote e seu Motion Plus, você realmente se sente empunhando uma espada, que ataca no sentido que você direcionar seu braço. Cortes verticais, horizontais e diagonais são executados com a mesma perfeição que a realidade, da mesma forma que o Nunchuk é o acessório perfeito para ativarmos nosso escudo no segundo perfeito de uma proteção necessária. E diferente de qualquer outro jogo que explora tal recurso, Skyward Sword traz inimigos com estratégias distintas de combate. Lizalfos não mais podem ser derrotados com sequências de um mesmo botão de ataque, exigindo que você saiba a posição correta para realizar o corte com sua espada com base no tipo de defesa que eles estiverem assumindo naquele segundo, por exemplo. Aqui volto a lhe falar da experiência que tive. Eu nunca levei tanto tempo para derrotar uma única Skulltula até dominar sua estratégia de ataque, da mesma forma que os chefes dos templos não dependem mais de um único tipo de estratégia ou uso de equipamento para ser derrotados. Tudo, é claro, com o auxílio do botão “Z” que foca sua mira no inimigo, permitindo um controle melhor da ação e do ambiente. Justamente por essa curva de dificuldade elevada é que este é o primeiro jogo da série no qual você começa não com apenas três, mas assim com seis corações de vida.


O foco da jogabilidade também teve alterações na movimentação de Link pelo cenário. Nosso herói agora possui uma barra de estamina (fôlego) que é consumida sempre que pressionamos o botão “A” para correr. A mesma barra é usada para ações que exigem a força de Link, como agarrar plataformas, escalar montanhas e trepadeiras. Link ainda possui pulo automático e a câmera não pode ser controlada da forma que acharmos melhor, mas definitivamente não há como imaginar que um próximo game da série não seja ao menos igual a Skyward Sword no que diz respeito a jogabilidade. Jogar qualquer um dos games anteriores após este novo capítulo da saga poderá ser frustrante para muita gente após ver o quanto a série evoluiu neste episódio.





Toda obra precisa ser completa
Por falar em evolução, Skyward Sword dá um verdadeiro salto quântico também em seu visual e trilha sonora. Ao jogar os primeiros minutos do game, eu preciso ser sincero com você, me decepcionei um bocado pelos serrilhados em demasia ou pelas texturas ainda em baixa resolução.
Mas isso simplesmente foi ofuscado quando olhei para o conjunto da obra e percebi que dado os recursos do Wii visualmente a série evoluiu consideravelmente. Ao longo da aventura você perceberá uma série de recursos visuais que foram usados para sanar todos os problemas de hardware, como efeitos de suavização de bordas, desfocamento da câmera em prol dos objetos e personagens em primeiro plano e até mesmo o uso inteligente da variação de luz e sombra com base no ambiente em que estiver. Some isso a palheta de cores usada no game (focada em tons pasteis e cores nada gritantes) e você verá que não há um único jogo de Wii (ou “Zelda”) com tamanha qualidade visual.


Quanto a trilha sonora, o pai da franquia foi bem claro ao pontuar que se Super Mario Galaxy teve uma trilha orquestrada, “The Legend of Zelda” também merecia uma. Foi assim que, em homenagem aos 25 anos da franquia, a Nintendo criou uma trilha sonora orquestrada para arranjos já conhecidos da série e para todas as novas músicas criadas pelo mestre Koji Kondo para Skyward Sword. O resultado é de longe o mais fantástico da série, com uma trilha completa o bastante para nos passar o sentimento necessário e ser o suporte ideal para a narrativa que se constrói ao longo da aventura.



Paradigmas de um Link contemporâneo
Foi preciso 25 anos de história para que “The Legend of Zelda” atingisse a maturidade ideal nos principais pilares que sempre o fizeram um excelente game. Para quem acompanha a série de perto não há como negar o quanto Skyward Sword amadureceu a obra criada por Shigeru Miyamoto. Mas isso não quer dizer necessariamente que o novo game conseguirá agradar qualquer tipo de jogador ou, principalmente, arrebanhar novos fãs acostumados com alguns elementos que mais uma vez não foram explorados no novo game.


Veja bem, não falo da ineficiência do jogo estar em alta resolução, afinal o hardware do Wii foi explorado ao máximo e, nada impedirá a Nintendo de lançar um remake em HD para o Wii U. Falo principalmente da completa ausência de diálogos dublados, algo para muitos fãs visto com olhos de desconfiança, mas que querendo ou não se faz necessário a cada novo episódio lançado. Link pode continuar mudo, esse não é o ponto. Mas por que somos obrigados a ouvir grunhidos ou onomatopeias impronunciáveis para cada pessoa que conversamos no jogo? A Nintendo já explicou tal ausência de recurso pelo fato de cada raça no universo da série ter seu dialeto próprio e se todos falassem em inglês ou japonês, por exemplo, não passaria a sensação fantasiosa que a série sempre se propõe. Mas isso não impediria que cada habitante ao menos conversasse em seu dialeto, como a própria Fi o faz durante Skyward Sword. Aliás, Fi tem tudo para ser o termômetro para a adição do recurso em mais personagens nos próximos games da série.


Outro elemento que tem tudo para frustrar muita gente é a demasiada narrativa construída ao redor dos NPCs do jogo. A exemplo, toda vez que você vai comprar um novo item ou acessório, o vendedor local inicia uma repetida sequência de frases que poderiam ser simplesmente suplantadas por um menu mais intuitivo. Da mesma forma que sempre que uma pergunta a feita a Link, independente da escolha que o jogador faz o resultado é sempre o mesmo para a história, prova de que a sensação de liberdade nas escolhas e caminhos que queremos seguir continua linear e limitado.


Agora, de longe, o maior problema em Skyward Sword é a falta da opção para controles adaptados para canhotos. A solução de simplesmente espelhar o jogo todo (como ocorreu em Twilight Princess) não agradou a grande maioria dos fãs (afinal, Link é canhoto ou destro?), porém neste novo capítulo a exigência de um bom domínio nos controles é fundamental para seu progresso. Ser obrigado a usar sua mão menos intuitiva para as principais ações certamente dobra a dificuldade do jogo. Claro que a Nintendo deve ter tido um bom motivo para não incluir tal opção, mas não deixa de ser um ponto relevante a ser aperfeiçoado nos próximos games.





Faça acontecer
Todo fã de “Zelda” busca uma Triforce diferente do outro. Uns buscam novas experiências, outros elementos de nostalgia e muitos pedem apenas que os desenvolvedores respeitem os elementos que criaram a identidade e DNA da franquia. “The Legend of Zelda: Skyward Sword” é justamente o equilíbrio de tudo isso... a Triforce que todos os fãs sempre buscaram. Tem os seus problemas técnicos, assim como carece de alguns preceitos já explorados em jogos do gênero. Mas a forma como ele amadureceu a franquia é único, conseguindo respeitar o desejo dos fãs, adicionar novos elementos e, em suma, acompanhar a tendência da indústria de jogos eletrônicos. No final das contas, a experiência que cada um terá com Skyward Sword é singular e a única capaz de dizer o quão empolgante e divertido foi mais esta aventura na companhia de Link. Jogue sem compromisso. Jogue pela diversão.

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